domingo, 4 de março de 2012

Premonição 5 supera-se no déjà vu e nas mortes mirabolantes


Não é exatamente um mérito, mas é fato que a franquia “Premonição” (Final Destination) desenvolveu sua estrutura própria e eficaz para gerar dinheiro e sustos, ou asco, numa plateia saturada dos sustos e ascos de Hollywood, mas ainda assim ávida por essas sensações, desde que convincentes.
Para quem não conhece – será possível? depois dos quatro filmes anteriores, desde 2000, terem sidos exibidos em todos os lugares? – , a estrutura de “Premonição” parte de um déjà vu vivido pelo protagonista. A situação, um catástrofe colossal, sempre abre o filme. Nela, todos morrem. Mas, na verdade, entendemos que o desastre ainda está por acontecer. Ciente disso, o herói tem tempo de evitar sua morte e a dos amigos.
Acontece que, pela lógica da franquia, logo depois a morte vem ‘buscar’ todos aqueles que dela escaparam.
O grande barato dos filmes, então, vem a ser a engenhosidade pela qual os roteiristas criam os ‘acidentes’ que matam, um a um, aqueles que traíram a morte. Sendo essa estrutura de acidentes fatais a mais mirabolante possível, a série “Premonição” acaba situando-se ali entre o suspense e a comicidade grotesca. Como desde a sequência anterior a produção acontece em 3D – ao menos, em algumas salas de cinema – têm-se o abuso de sequências de troncos, varões de ferro, agulhas, facas e qualquer peça pontiaguda, ou não, atravessando os corpos dos condenados.
Neste “Premonição 5”, de Steven Quale (diretor do documentário “Aliens of the Deep”), um grupo de amigos, quase todos funcionários de uma mesma empresa, vão de ônibus a um retiro. A premonição de um deles, o estudante de gastronomia Sam (Nicholas D’Agosto) é que salva a vida de sete pessoas. Entre elas a namorada Molly (Emma Bell, atriz de “Pânico na Neve”, uma Uma Thurman mais jovem), e seu melhor amigo Peter (Miles Fischer, de “Super-Herói: O Filme”, um Tom Cruise mais jovem).
Na sequência, vamos acompanhado o triste fim de cada um deles, na mesma ordem em que morriam na visão de Sam. A combinação de situações que abatem a primeira vítima, a ginasta Candice (Ellen Wroe), é um ótimo exercício de suspense, com várias falsas dicas que podem resultar na desgraça.
Mas pára por aí. Os acidentes seguintes voltam à linha ‘absurdo’ que marca a franquia, tendo um deles, nesta edição, um gosto extra-amargo para o espectador míope que um dia fará uma cirurgia para corrigir a visão. O filme começa a perder sua força, então, dando vez a outro tipo de déjà vu: a impressão de que tudo que está na tela já foi visto antes.
O grande espetáculo (tenebroso) realmente está no acidente que derruba a ponte logo na abertura do filme. É uma combinação impressionante de maestria técnica e efeitos especiais. Uma catástrofe forjada para compor uma espécie de balé da morte.
Duas curiosidades. Uma é o sinal dos tempos em Hollywood. Na investigação, após o desastre na ponte, um policial pergunta se Sam pratica alguma espécie de extremismo, numa insinuação explícita que ele possa ser um terrorista pelo fato de ter previsto a catástrofe. Hoje nos Estados Unidos esta é uma conexão imediata se o assunto é tragédia coletiva.
A outra, ao final do filme, diz respeito ao bilhete do avião com data de março de 2000, que Sam e Molly usam para embarcar. A data remete a data de estreia do primeiro “Premonição” nos Estados Unidos. Neste, a primeira premonição foi a de que um avião explodiria durante o voo. No filme 5, vemos o protagonista do filme 1 desesperado querendo sair do avião. O resto, já sabemos – déjà vu…

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